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Vol. 63.
Páginas 157-176 (Julio - Diciembre 2016)
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Vol. 63.
Páginas 157-176 (Julio - Diciembre 2016)
LITERATURA BRASILEÑA
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“Não trabalhamos com mortos”: literatura brasileira contemporânea na América Latina
“We do not work with the dead”: contemporary Brazilian literature in Latin America
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Ieda Magri
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
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RESUMO

Neste artigo propõe-se uma reflexão sobre a circulação da literatura brasileira contemporânea nos países da América Latina e a publicação da literatura também contemporânea dos outros países da América Latina no Brasil. A partir de uma ficção de Mário Bellatin e de um texto teórico de Darcy Ribeiro, especula-se sobre o sentimento de pertencimento e os limites de uma conformação continental geográfica que apresenta estruturas sociopolíticas diversas coexistindo sem conviver.

ABSTRACT

This article proposes a reflection on the movement of contemporary Brazilian literature in Latin America, and also, the publication of contemporary literature of other countries in Latin America in Brazil. From Mario Bellatin's fiction and a Darcy Ribeiro's theoretical text, this paper speculates about the feeling of belonging and the limits of a geographical continental conformation that has several sociopolitical structures coexisting without living together.

Keywords:
Brazilian Literature
Latin America
Contemporary literature
Texto completo

Perto do aeroporto da cidade vive um homem que apesar de ser um homem imóvel —em outras palavras, um homem impedido de se mover— é considerado um dos melhores treinadores de pastor belga malinois do país. Divide a casa com sua mãe, uma irmã, seu enfermeiro-treinador e trinta pastores belga malinois adestrados para matar quem quer que seja com uma única mordida na jugular. Não são conhecidas as razões por que, ao entrar no quarto onde esse homem passa os dias recluso, alguns visitantes intuem uma atmosfera que guarda relação com o que se poderia considerar o futuro da América Latina.1

Esse é o início de Cães heróis, de Mario Bellatin, que na edição brasileira vem com uma chamada à maneira de sinopse, no mínimo desconcertante: “tratado sobre o futuro da América Latina visto através de um homem imóvel e seus trinta pastores belga malinois”. Na contracapa, um dos escritores brasileiros contemporâneos mais traduzidos, Michel Laub, diz que a metáfora que aproxima a atmosfera do quarto do personagem principal da história e do futuro da América Latina é “misteriosa”.

No livro, de fato, a aproximação aparece muito mais como uma metáfora do que como um tratado. Tudo parece girar em torno da palavra intuição ou de uma ideia de sensação. Algo a ver com o inexplicável. “Não são conhecidas as razões por que, ao entrar no quarto onde esse homem passa seus dias recluso [o homem imóvel], alguns visitantes intuem uma atmosfera que guarda relação com o que se poderia considerar o futuro da América Latina”.2 Diga-se logo que a atmosfera do quarto é de tensão e violência, velhas conhecidas dos latino-americanos. E que a atmosfera é, sobretudo, de poder déspota e de relações escravistas, também velhas conhecidas da América Latina. Essa interpretação óbvia, porém, desmerece o livro de Bellatin, na medida em que esta não é só mais uma história das ditaduras latino-americanas. Parece-me assim, mais interessante tomá-la [a metáfora] como força bruta que impele a busca não de um sentido, mas de significâncias, como diria Roland Barthes.3

Uma significância talvez possa ser entrevista ao investigarmos o que mantém a atmosfera de tensão e medo no quarto e na casa inteira: os trinta cães raivosos prontos a obedecer aos comandos do seu dono. Perguntado sobre por qué escolheu a raça malinois para sua fábula, Bellatin responde: “Porque existia, na época em que me aproximei deles, o mito de que eram descendentes diretos do lobo. Que o homem não os tinha manipulado, como acontece com outras raças que acabam gerando animais problemáticos, e por isso a lealdade, a valentia e a inteligência eram conservadas em um estado mais puro.”4 Sabemos, claro, que os autores mentem muito, mas gostaria de explorar essa resposta porque ela dá uma outra volta para pensarmos a metáfora sobre o futuro da América Latina. Sobre o passado e o mito da raça pura, já sabemos. Sobre como os colonizadores europeus dominaram e reduziram aos seus comandos (ainda que enfrentando resistência e também sendo manipulados pela cultura americana) os “selvagens e os preguiçosos”, também já sabemos. Mas o futuro só podemos intuir. E podemos aqui lembrar um texto de Darcy Ribeiro da década de 1990, mas recentemente publicado: A América Latina existe? (2010), no qual ele faz um breve percurso histórico da colonização da América Latina e suas consequências até a comemoração dos 500 anos da chamada “descoberta”, que também quer dizer saque e genocídio. Nesse texto ele toca num ponto importantíssimo, creio, para qualquer reflexão sobre a América Latina hoje e que leva à minha leitura do livro de Bella-tin: como essas nossas civilizações se tornaram rapidamente ameaçadoras fora de suas fronteiras. Diz ele em tom irônico: “O povão latino-americano tanto se multiplicou que hoje excede, visivelmente, às necessidades da produção. Começa mesmo a causar preocupações. Que fazer de tanta gente desnecessária?”5

Como na casa do homem imóvel, a população ameaça se expandir, ameaça sair de sua jaula, ameaça, enfim, sair com sua raiva canina e despedaçar o mundo. Esse medo, essa ameaça, paira sobre a história de Bellatin como uma força contida pelo homem imóvel de perigoso humor instável, que pode perder [ou exceder] o controle à irritabilidade mínima. Tudo é o que é por causa desse medo e dessa possibilidade. Se os cães dessa raça menos manipulada, cujas lealdade, valentia e inteligência estariam conservadas em um estado mais puro extrapolassem os limites de suas jaulas [digamos, de suas fronteiras] ninguém estaria seguro. E, diga-se de passagem, há incidentes que mostram que o poderoso homem imóvel não tem o controle total sobre seus cães, apesar das incríveis demonstrações desse controle: “Apenas uma vez um dos cães desobedeceu às ordens do homem imóvel. Shakura, a cadela mais velha da casa, se lançou num descuido sobre a perna do aprendiz de instrutor. O homem imóvel insultou então o enfermeiro-treinador como nunca tinha feito antes. Imediatamente expulsou da casa o aprendiz de instrutor.”6

O próprio enfermeiro-treinador não pode ir embora por temer o destino dos cães, diz, se o homem imóvel resolver fazer uma matança com a ajuda da central telefônica. A resposta das duas mulheres presentes na casa, a mãe e a irmã [“diante de uma situação desse tipo, se trancariam aterrorizadas em uma das jaulas”7] dá conta não do perigo [praticamente justificável] da matança dos cães [ou dos latino-americanos?], mas ao contrário, daquilo que não é dito, mas paira como uma ameaça bem mais real aos [outros] humanos, esses cães soltos no mundo e “adestrados para matar quem quer que seja com uma única mordida na jugular” como está dito na primeiríssima página do livro. Ou seja, defendo que a metáfora do futuro da América Latina está menos direcionada para a leitura do homem imóvel como personagem principal da trama e possível ditador latino-americano, que para a leitura dos cães pastores belgas malinois como povo latino-americano pobre e raivoso disposto a assaltar o mundo.

Um dado do presente da América Latina [e do presente da narrativa de Bellatin] que funciona nessa tensão e contenção: o que parece sustentar a casa é ainda justamente o trabalho mais descaradamente alienante da classificação de sacolas de plástico. Além do poder caprichoso do homem imóvel há ainda o poder perverso de um patrão inominado que escraviza as mulheres numa atividade sem fim e sem aparente finalidade. E de novo é a palavra “intuir” que explica a relação alienante e ao mesmo tempo tão bem-vinda —já que as mantém ocupadas— às duas mulheres. Explica ou solicita, ao não explicar, a perspicácia do leitor, encarnado desta vez no ponto de vista do enfermeiro-treinador:

De vez em quando, a mãe e a irmã pedem ao enfermeiro-treinador que as ajude com as sacolas plásticas que devem classificar diariamente. Nem a mãe nem a irmã jamais disseram ao enfermeiro-treinador que função cumprem aquelas sacolas em suas vidas. No entanto, o enfermeiro-treinador parece ser capaz de intuir.8

Em outra passagem ficamos sabendo que “Nem a mãe nem a irmã sabem na verdade o que fazer com as sacolas plásticas que devem classificar. Limitam-se a acomodá-las em pilhas mais e mais”.9 No entanto, suas maiores agruras dizem respeito ao atraso no trabalho com as sacolas. A isso se resumem suas vidas. Podemos intuir, não sem incômodo, a que se refere Bellatin.

O mais interessante do livro e que não se pode intuir na edição brasileira é de como ele parte de uma situação real e como joga com a ideia de representação. Diz Bellatin em outra entrevista no Brasil:

Esse livro, em particular, é uma crônica fidedigna de um acontecimento do qual fui testemunha, certa tarde em que segui um anúncio de jornal em que se vendia pastores belgas malinois. Tudo o que aparece no livro encontrei em minha visita. É a razão de nas edições em castelhano e francês aparecer uma série de fotos que dão conta dos acontecimentos. E nesse texto, o mistério é a realidade, não a perspectiva do narrador. O narrador não entende o que está acontecendo em seu entorno, e gostei muito que tanto o autor do livro quanto o leitor estivessem em uma situação de desconhecimento similar.10

É isso, pra mim, que faz com que Bellatin seja um autor tão interessante. A realidade não explica nada. A realidade é o mistério. Não há espaço para tornar legível [e apenas legível] uma realidade latino-americana tão complexa. Há espaço para intuir possíveis e somente interpretações muito parciais, muito subjetivas, muito especulativas de uma realidade gasta e complexa. Nisso, poderíamos nos aproximar do belo poema de Drummond, “América”:

Sou apenas um homem. 
Um homem pequenino à beira de um rio. 
Vejo as águas que passam e não as compreendo. 
Sei apenas que é noite porque me chamam de casa. 
Vi que amanheceu porque os galos cantaram. 
Como poderia compreender-te, América? 
É muito difícil.11 

E até o final do longo poema de Drummond parece estar em diálogo com o breve romance de Bellatin, ainda que o sorriso cínico da personagem de Bellatin seja assustador e o sorriso do longo poema de Drummond seja acolhedor. Diz Drummond: “Sou apenas o sorriso/ na face de um homem calado”.12 Diz Bellatin: “Reparem: o homem imóvel mantém inalterável o seu sorriso peculiar”.13

Esse diálogo [delírio meu] entre Bellatin e Drummond, no entanto, leva meu texto a um lugar que desejo: às trocas entre as literaturas do Brasil e da América-hispânica, embora Mario Bellatin, na sua participação na Feira Literária Internacional de Paraty (flip), tenha falado em entrevista a Livia Deorsola: “Percebo diálogos pouco explorados e nem sequer vejo uma literatura latino-americana, nem autores latino-americanos, e menos ainda considero o Brasil como parte ou não da América Latina. Trato de apreciar somente os livros, e procuro separá-los de suas circunstâncias”.14

Logo uma evidência chama atenção: a ausência da expressão América Latina como tema da ficção ou da poesia contemporânea brasileira e mesmo a ideia de uma literatura latino-americana como tema de debates, conversas, encontros etc. Parece, salvo engano, que não é um tema que queiramos discutir. Mas, na edição brasileira do livro de Bellatin é um escritor brasileiro que escreve a contracapa e, por sua vez, Bellatin assina a contracapa de uma escritora brasileira, como a recomendar sua leitura: Os anões de Verônica Stigger.15 Como os dois autores se assemelham no constante apagamento das respostas convencionais ao que seria a literatura e a expandem, forçando sua conceituação, imaginei que talvez ali estivesse a porta aberta ao diálogo entre autores brasileiros e latino-americanos, mas Verônica esclarece:

Com o Bellatin foi assim: na época, meu editor era o Emílio Fraia. Ele havia editado o Flores, do Bellatin, e achava que ele iria gostar d’Os anões. Na verdade, soube da quarta capa quando já estava praticamente pronta. Foi tudo por conta do Emílio. Naquela época, eu ainda não havia lido Bellatin. Foi algum tempo depois que comecei a lê-lo. E, de lá para cá, já li quase tudo. É um dos escritores contemporâneos que mais me agradam. Mas não houve entre nós um diálogo: eu apenas enviei um email agradecendo a quarta capa e ele respondeu dizendo que o livro havia ficado lindo.16

Uma pena, mas tudo não passou de uma estratégia de venda, uma reunião de escritores que ficou somente na mediação do editor. Estratégia, aliás cada vez mais usada desde a tão comentada entrada da literatura brasileira no mercado internacional motivada principalemente pela retomada dos projetos de difusão e tradução da Fundação Biblioteca Nacional, entre elas a participação do Brasil nas feiras internacionais a partir de 2011. No entanto, Verônica passa a ler Bellatin, Bellatin lê Os anões de Verônica, e esse talvez seja o ganho mais interessante. Nesse caso, há uma leitura recíproca que podemos rastrear até certo ponto. E arrisco dizer que os autores brasileiros mais antenados leem avidamente na língua original os hispano-americanos que têm visibilidade para além de suas fronteiras, o que é um ganho.

Mas pensar o Brasil com a América Latina não é uma tarefa fácil. Quase todos os textos publicados por ocasião da participação do Brasil na última Feira de Guadalajara começam dizendo justamente que o Brasil não é visto ou não se vê como parte da América Latina. Por exemplo, na matéria de Camila Moraes “Feira do Livro de Guadalajara, o cupido que quer flechar o Brasil”, veiculada no El País em 5 de dezembro de 2015, Laura Niembro, diretora de conteúdos da feira, define o país como “o irmão ausente na América Latina”.17

Y si las letras brasileñas apenas se leen en el mundo, en Latinoamérica son el gran hermano ausente […]. Seguimos trabajando en la construcción del puente entre las letras brasileñas y el resto del continente, y en que la Feria Internacional del Libro de Guadalajara siga siendo la vitrina hacia Hispanoamérica de los nuevos valores literarios de Brasil, y de los escritores consagrados que poco se leen más allá de sus fronteras.

Para os escritores presentes na edição de 2012, na qual o Brasil era o convidado de honra, o diagnóstico era o mesmo. Dizia Luiz Ruffato naquela ocasião: “Vivemos isolados e isso não aconteceu agora, foi assim por tanto tempo que parece que a ideia de que não somos latino-americanos é aceita, mas também não somos africanos, nem europeus; somos uma ilha muito solitária no cenário regional”.18

Se essa é uma evidência percebida pelos escritores e jornalistas citados em seus discursos mais efêmeros, talvez valha a pena insistir em algumas questões: a) as matérias e os discursos dos escritores colocam o sujeito Brasil em duas posições distintas: ele não é visto/ ele não se vê como parte da América Latina; e b) quando pensamos nos autores mortos (e portanto consagrados) podemos visualizar melhor as trocas literárias entre o Brasil e a América Latina que fala espanhol? Acontece alguma coisa quando dizemos: “Não trabalhamos com mortos?”

Vamos à primeira questão. No prefácio ao livro de Darcy Ribeiro A América Latina existe?, Eric Nepomuceno diz sem rodeios: “Pode parecer óbvio, mas convém lembrar que os brasileiros costumam se referir a nossos vizinhos deixando claro que eles são eles, e que nós, nascidos no Brasil, pertencemos a outra estirpe.”19 Neste caso, Eric Nepomuceno chama a responsabilidade da ausência —ou da exclusão— exclusivamente para os brasileiros. Seria uma questão de interesse ou de atitude.

Indo um pouco adiante, Darcy Ribeiro busca uma leitura mais abrangente que chega, porém, a resultado idêntico:

É notória a unidade da América Latina como fruto de sua continuidade continental. A esta base física, porém, não corresponde uma estrutura sociopolítica unificada e nem mesmo uma coexistência ativa e interatuante. Toda a vastidão continental se rompe em nacionalidades singulares […] Efetivamente, a unidade geográfica jamais funcionou aqui como fator de unificação porque as distintas implantações coloniais das quais nasceram as sociedades latino-americanas coexistiram sem conviver, ao longo dos séculos.20

O problema deixa de ser brasileiro e se estende a cada país que compõe a América Latina geográfica distribuída segundo as especificidades de duas colonizações violentas e que, embora semelhantes na truculência e na intenção, guardam características distintas, além de línguas distintas. A unidade, parece então, só existe mesmo como geografia, já que mais adiante Darcy Ribeiro enfatiza: “Ainda hoje, nós, latino-americanos, vivemos como se fôssemos um arquipélago de ilhas que se comunicam por mar e pelo ar e que, com mais frequência, voltam-se para fora, para os grandes centros econômicos mundiais.”21 O “ainda hoje” do texto de Darcy Ribeiro refere-se à ocasião das efemérides dos 500 anos de “descoberta” da América, comemorados em 1992, e o texto é desconcertante na medida em que mostra a catástrofe civilizatória calcada na intenção de domínio alcançado com a prosperidade da riqueza saqueada e com a força da violência justificada pela religião. E demonstra como esse “moinho de gastar gente”22 que foi a colonização europeia na América Latina tem consequências funestas ainda hoje.

Se temos, então, um passado colonial comum e uma gente que “sobreviveu a séculos de genocídio”,23 parece ser a língua portuguesa e as trocas comerciais direcionadas para os Estados Unidos e para a Europa que nos isolam, como se disséssemos: “Não trabalhamos com pobres como nós”, “Apesar da pobreza, não somos iguais”, ainda que haja o Cone Sul, que une em um mercado comum —o Mercosul— a região sul do Brasil, o Uruguai, o Chile e a Argentina. As trocas literárias também obedecem à lógica comercial.

O escritor Joca Reiners Terron, que organiza a coleção Otra Língua, dedicada à publicação de autores hispano-americanos, foi enfático no lançamento da coleção em 2013: “É histórico, o Brasil sofre da ilusão da autossuficiência. Está voltado para o Norte e esquece o que está ao redor. Isso se reflete, como um espelho, só aumentando o desconhecimento quase místico que a América espanhola tem de nós.”24 Em outra entrevista, respondendo à questão que nos colocamos sempre, Como o Brasil se relaciona com a literatura de outros países da América Latina? diz: “Pouco do que é produzido chega aqui, e quando chega é porque saiu na Espanha por editoras multinacionais. Então o leitor brasileiro fica refém dos interesses do grande mercado, o que limita bastante em termos de alcance.”25

Por outro lado, o importante trabalho de Gustavo Sorá, Traduzir el Brasil —una antropología de la circulación internacional de ideas, mostra até que ponto a afirmação de que os países da América Latina não conhecem suas literaturas é um tanto mítica e, principalmente entre Brasil e Argentina, é equivocada. Ele demonstra como um esquema de pensamento atravessa a história cultural e postula por parte da Argentina um desconhecimento do Brasil e por parte do Brasil uma queixa segundo a qual somos desconhecidos na Argentina, apesar de a Argentina ser o lugar onde mais se publica autores brasileiros depois da França. Desse modo, podemos perceber como também essa nossa crença de um insulamento é um tanto falsa se tomamos como período de estudo o século 20. Machado de Assis, nos mostra Sorá, foi publicado na Argentina muito rapidamente depois de sua edição no Brasil e em Portugal. Assim como Jorge Amado, Érico Veríssimo, Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e José Mauro de Vasconcellos.26 Nas tabelas do texto de Sorá percebe-se com nitidez que o México seria o segundo país em edição da produção brasileira na América hispânica. Claro que todos sabemos o que acontece a partir da década de 1990: os países da América Latina perdem sua autonomia nas trocas literárias que passam a ser mediadas por Frankfurt e outras aduanas culturais, dando razão à evidência comentada por Terron, como mostra Sorá.

Más allá de la dimensión cuantitativa de tal problema, lo significativo, en la actualidad, es que la autonomía intelectual para dinamizar intercambios de ideas y obras entre nuestros países es diferida por la intervención cada vez más acentuada de un sistema de agentes como los editores, los agentes literarios, los scouts y otros “productores culturales” que dirimem lo transportable, lo traducible, lo legible en diferentes mercados editoriales nacionales. Desde los años noventa, si un autor argentino pasa a ser “bien” editado en el Brasil […] o un brasileño en la Argentina, su elección se pauta, más allá de sus cualidades “literarias”, en Francfort, a través de la acción de especialistas en la mediación de intercambios internacionales.27

O conhecimento dos autores brasileiros tanto na Argentina como no México e dos autores latino-americanos no Brasil foi sustentado no século 20 em grande medida pelo fomento diplomático e não pelo mercado. Trocas regidas pelo interesse mútuo de autores dos países latino-americanos —e basta um olhar atento para enumerar as trocas decorrentes do convívio entre Mário de Andrade e Gabriela Mistral, como nos mostra Raúl Antelo,28 entre Alfonso Reyes e Cecília Meireles, como nos mostra Cláudia Sampaio em sua tese de doutorado ainda inédita, ou entre João Cabral de Melo Netto e os poetas catalães, entre eles Joan Brossa, estendendo aqui o escopo para além da América Latina.

Nos parece assim, que o esforço do século passado é a base do conhecimento que os países da América Latina têm do Brasil literário. Embora as trocas tenham se dado entre autores vivos que se admiravam mutuamente nos casos citados, há indícios de que a literatura brasileira conhecida teria se ancorado e paralisado nesses nomes do passado. Nossos clássicos, nosso cânone. Diz Reinaldo Montero, autor cubano que esteve no Brasil por ocasião da feira do Livro de Porto Alegre em 2012:

Meu interesse pela literatura brasileira está baseado na Casa de las Americas que publicou no primeiro número de sua coleção latino-americana, nos anos 60, as Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Eu li o livro nos anos 70 e depois li outras histórias de Machado que foram publicadas um pouco mais tarde. Depois li São Bernardo, que gostei muito mais do que Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Ou seja, desde o meu período de formação eu lia naturalmente autores brasileiros e, é claro, muitas outras coisas. Eu lia com uma fúria adolescente que evoco com nostalgia, com saudade, como diriam vocês. Também li a poesia de Drummond de Andrade e de Vinicius de Moraes. Um pouco mais tarde, chegou Clarice Lispector, sobretudo A paixão segundo GH, e, mais recentemente, Raduan Nassar [que, embora vivo, encerrou sua carreira literária há mais de 30 anos]. E todas essas leituras foram facilitadas pelas edições cubanas.29

Ele também leu Guimarães Rosa e é fã de nossa música. Na entrevista ele enfatiza o quanto a cultura brasileira é conhecida e admirada em Cuba e o quanto o inverso é verdadeiro: o Brasil, segundo ele, nada conhece de Cuba.

No banco de dados online do Conexões Itaú Cultural também podemos perceber pela divulgação dos resultados de uma pesquisa com os 244 tradutores e pesquisadores inscritos no programa, que seus interesses estão quase todos pautados em autores mortos.30 Apenas dois autores vivos, Chico Buarque e Milton Hatoum, estão entre os mais interessantes para os pesquisadores. Mas o que poderíamos dizer, então, da circulação da literatura brasileira na América hispânica e dos hispano-americanos no Brasil se usássemos o contendor: “Não trabalhamos com mortos”?

Em outro texto, mostrei como aparecem os autores brasileiros nas livrarias de algumas das principais cidades latino-americanas que publicam os brasileiros contemporâneos, entre elas Cidade do México e Buenos Aires.31 Os autores vivos presentes nas livrarias da Cidade do México em 2014 eram Carlito Azevedo, João Gilberto Noll, Paula Parisot e Rubem Fonseca. Não quer dizer que só haja estes. Sabemos da tradução recente de Luiz Ruffato, Joca Reineres Terron e Rafael Cardozo, por exemplo. E pelo projeto de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros no Exterior, da Fundação Biblioteca Nacional, temos Cristóvão Tezza, Ricardo Corona, Cláudio Daniel, Antônio Moura e Raphael Dracon, todos ausentes das livrarias à época e, os últimos três quase que totalmente desconhecidos no Brasil. Na Argentina, podemos dizer que a publicação da literatura brasileira contemporânea é maior. Quase todos os autores premiados ou com uma produção sólida, estão publicados por lá. O que quer dizer, em torno de 30 autores num rol de 500 em produção.

Pelo lado do Brasil, também temos publicado poucos autores hispano-americanos vivos em relação ao número de publicações que circulam pelos países de língua espanhola: os mexicanos Juan Villoro, Juan Pablo Villalobos, que vive no Brasil, Mario Bellatin, Guillermo Arriaga e Ignacio Padilla e os argentinos Andrés Neuman, Pola Oloixarac, Alan Pauls, César Aira e Rodrigo Fresán. Todos publicados e presentes nas livrarias brasileiras (diga-se do Rio e São Paulo) por conta de suas participações na flip além dos cubanos Leonardo Padura e Zoé Valdés, do peruano Daniel Alarcón, do chileno Alejandro Zambra e dos colombianos Juan Gabriel Vásquez e Fernando Vallejo, que vive no México.

Pela coleção Otra Língua, os autores latino-americanos vivos publicados são César Aira e Fabián Casas, argentinos; Julián Herbert e Guadalupe Nettel, mexicanos; Eduardo Halfon, guatemalteco; Maximiliano Barrientos, boliviano; Horácio Castellanos Moya, salvadorenho.

A Alfaguara, selo espanhol da Objetiva que acaba de ser comprado pela Penguin Random House, publica Mario Vargas Llosa, Jeremías Gamboa e Santiago Roncagliolo (peruanos), Mario Benedetti (uruguaio), Marcela Serrano (chilena), Leopoldo Brizuela, Pablo de Santis e Cláudia Piñero (argentinos), Jorge Franco Ramos (colombiano), Pedro Juan Gutiérrez (cubano), Sabina Berman, Valeria Luizelli e Xavier Velasco (mexicanos).

Recentemente, foi publicada pela Cosac Naify a chilena Lina Meruane, impulsionada talvez pela recomendação de Roberto Bolaño, um furacão que se não fez nascer o interesse dos brasileiros pelos hispano-americanos recomendados pelas suas listas, pelo menos venceu a desconfiança dos editores. Em Sangue no olho, os editores não deixam de reproduzir a recomendação de Bolaño: “Existe uma geração de escritoras chilenas que promete. Lina Meruane é uma delas”. Assim também a biobibliografia de alguns dos autores presentes na flip:

Juan Villoro (2014): “Roberto Bolaño definiu seu amigo Juan Villoro (Cidade do México, 1956) como um escritor que, com o passar dos anos, ‘não se tornou nem covarde nem canibal’.” Andrés Neuman (2011): “O escritor chileno Roberto Bolaño definiu o escritor como ‘um talento iluminado’.” Alan Pauls (2007): “Certa vez correram boatos de que o romancista e roteirista Alan Pauls era apenas um fruto da imaginação de seu compatriota Rodrigo Fresán e do falecido autor chileno Roberto Bolaño. Pauls virá a Paraty para provar que esses boatos não tinham fundamento.”32

Interessante perceber como Bolaño transforma o termo latino-americano em uma categoria política com toda a implicação que há em se autodefinir como escritor latino-americano no contexto da língua espanhola e vivendo essa língua a partir da Espanha. Ao se dizer escritor latino-americano —e não chileno, e não mexicano, e não espanhol— Bolaño opera com vistas ao agenciamento coletivo da enunciação, inscrevendo-se no campo de uma minoria, avançando nas zonas terceiro-mundistas de sua própria linguagem. Talvez entendendo melhor do que outros leitores o que estava em jogo para Bolaño, o mexicano Sergio Pitol tenha dito com acerto: “Murió Bolaño y murieron con él, a veces sin darse cuenta [...] todos los escritores latinoamericanos. Lo digo clara y contundentemente: todos, sin excepción.”33

Falta dizer que tanto de um lado como de outro, temos algum livro publicado de cada um desses autores. Da extensa obra de Bellatin, por exemplo, temos apenas dois livros traduzidos. O problema maior, me parece, é que praticamente não há livros de autores hispano-americanos na sua língua original disponíveis nas livrarias. As línguas diferentes, assim, parecem um problema menor que o interesse mercadológico que faz aparecer e desaparecer os autores latino-americanos. Afinal somos grandes leitores de Bolaño, César Aira, Bellatin, Alan Pauls, Ricardo Piglia e de poucos outros. Aqueles dos quais temos notícias. Na maioria das vezes essas notícias vem dos Estados Unidos. Ou de algum prêmio espanhol. Mas é certo que recebemos mais notícias dos hispano-americanos do que os hispanos notícias nossas. É impossível para nós, por exemplo, contarmos a anedota de Horácio Castellanos Moya sobre a circulação de seu livro na América Latina, um rastilho de pólvora que atravessa fronteiras. Nossas fronteiras se apresentam muito mais guardadas no que diz respeito à circulação de nossa literatura:

O interessante é que Asco não sofreu o mesmo azar que eu. [Ele sofreu ameaças de morte pelo ataque que faz à cultura salvadorenha]. Alheio às ameaças e à minha ausência, o livrinho continuou sendo republicado anualmente em El Salvador, por uma pequena e corajosa editora, e, graças a uma dessas ironias do destino, chegou até a ser leitura obrigatória em uma universidade. Em pouco tempo, vários exemplares se espalharam pelos países vizinhos. Em mais de uma ocasião, em algum bar da Antiga Guatemala, San José da Costa Rica ou Cidade do México, conheci pessoas que expressaram sua admiração pelo livro.34

O que torna impossível para nós essa anedota é que nossos livros não circulam como que por acaso [ou admiração entre escritores] nos diferentes países da América Latina. A língua portuguesa não é lida com tanta facilidade pelos nossos vizinhos hispanos. E o que nos distancia ainda mais, já não no plano da admiração e dos interesses literários mútuos, é que os hispanos se fundiram com o mercado forte espanhol. E isso parece ter a ver com o que Josefina Ludmer chama de indústria da língua, quando a língua passa a ser um “território do presente” orquestrado economicamente numa política da língua, uma política econômica de globalização que também é uma política dos afetos. Ela contém a literatura, mas a transborda, ela refaz as fronteiras nacionais. Quantas vezes ouvimos de autores nossos contemporâneos a frase: “Minha pátria é minha língua”? Não de brasileiros, por aqui a política da língua não tem um apelo forte para o mercado globalizado. Em Aqui América Latina, uma especulação, Josefina Ludmer mostra como as diversas nações de língua espanhola na América Latina tornam-se um território comum, o território unificado na diversidade, já que a unificação promovida pela unidade linguística cujas normas são ditadas pela Real Academia Espanhola (rae) segue a mesma lógica do antigo império e a diversidade é uma norma do mercado globalizado: “Se a unidade é a primeira regra da política da língua e a primeira do império, a diversidade é a primeira regra do mercado.”35

A passagem da língua como recurso natural para recurso econômico ocorre na América Latina desde os anos de 1990 e se intensifica nos anos 2000, quando os grupos fortes espanhóis começam a comprar os jornais, gráficas, rádios e editoras da América Latina, incluindo-se, por exemplo o 75% da editora brasileira Objetiva, pelo grupo Prisa, editor do El País. O selo Alfaguara, da Objetiva era responsável pela maior entrada de livros de língua espanhola no Brasil, mas, a partir de 2015, o interesse espanhol passa para as mãos da Penguin Random House que já tinha comprado 50% da Companhia das Letras, a maior editora do país, e também comprou as editoras de literatura da Santillana no Brasil, Espanha, Portugal e outros países de língua espanhola. Assim, a cada dia ganha mais reforço o império da língua inglesa e não o da espanhola por aqui. Esse pequeno dado mostra como o interesse por conhecer, ler e estudar uma literatura comum na América Latina é solapado pelo interesse econômico que importa e edita aquilo que tem maior valor econômico na indústria da língua estando este atrelado ou não a algum valor literário ou cultural.

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Mario Bellatin, Cães heróis, trad. de Joca Wolff, São Paulo, Cosac Naify, 2011, p. 2.

Loc cit.

Roland Barthes, Inéditos vol. 1 – teoria, trad. de Ivone Castilho Benedetti, São Paulo, Martins Fontes, 2004, pp. 261-289.

A entrevista completa pode ser lida no blog do Instituto Moreira Sales. Em http://www.blogdoims.com.br/ims/escrever-sem-escrever-quatro-perguntas-a-mario-bellatin (data da consulta:16 de dezembro, 2015).

Darcy Ribeiro, A América Latina existe?, Brasília, Rio de Janeiro, Editora UnB-Rio de Janeiro/Fundação Darcy Ribeiro, 2010, p. 62.

Bellatin, op. cit., p. 78.

Ibid., p. 62.

Ibid., p. 84.

Ibid., p. 94.

Entrevista a Rafael Dixklay, en Jornal Rascunho. Em http://rascunho.gazetadopovo.com.br/as-realidades-ocultas-de-bellatin/ (data da consulta: 16 de dezembro, 2015). Grifo meu.

Carlos Drummond de Andrade, Obras completas, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, p. 271.

Ibid., p. 218.

Bellatin, op. cit., p. 124.

Verônica Stigger, Os anões, São Paulo, Cosac Naify, 2010.

Entrevista por email exclusivamente para esta pesquisa em 16 de dezembro, 2015.

A matéria completa pode ser vista em http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/05/cultura/14493 26685_896672.html (data da consulta: 8 de dezembro, 2015).

Ribeiro, op. cit., p. 19.

Ibid., p. 23.

Ibid., pp. 23 e 24.

Ibid., p. 96.

Ibid., p. 101.

Matéria de Bolívar Torres, de 24 de maio, 2013. Em http://oglobo.globo.com/cultura/colecao-otra-lingua-lanca-novo-olhar-sobre-literatura-hispano-americana-8481314#ixzz3 tkKOWI7p (data da consulta: 8 de dezembro, 2015).

Matéria de Rodrigo Casarian, de 23 de junho, 2015. Em http://paginacinco.blogosfera. uol.com.br/2015/06/23/colecao-mostra-aos-brasileiros-a-diversidade-da-literatura-latino-americana/ (data da consulta: 8 de dezembro, 2015).

Gustavo Sorá, Traducir el Brasil: una antropología de la circulación internacional de ideas, Buenos Aires, Libros del Zorzal, 2003, pp. 45-97.

Ibid., pp. 191 e 192.

Raúl Antelo, Na Ilha de Maratapá (Mário de Andrade lê os hispano-americanos), São Paulo, Hucitec, 1986.

A lista mostra, em ordem de número de citação: Machado de Assis (1839-1908), 135 citações; Clarice Lispector (1925-1977), 117 citações; Guimarães Rosa (1908-1967), 102 citações; Jorge Amado (1912-2001), 83 citações; Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), 70 citações; Graciliano Ramos (1892-1953), 70 citações; Mário de Andrade (1893-1945), 65 citações; Chico Buarque (1944-), 63 citações; Milton Hatoum (1952-), 62 citações; Oswald de Andrade (1890-1954), 62 citações; Rubem Fonseca (1925-), 60 citações; Moacyr Scliar (1937-2011), 56 citações; Antonio Cândido (1918-), 55 citações; João Cabral de Melo Neto (1920-1999), 53 citações; Haroldo de Campos (1929-2003), 50 citações; José de Alencar (1829-1877), 47 citações; Manuel Bandeira (1886-1968), 46 citações; Gilberto Freyre (1900-1987), 45 citações; Lima Barreto (1881-1922), 45 citações; Euclides da Cunha (1866-1909), 42 citações.

Ieda Magri, “Existe literatura brasileira fora do Brasil?”, em Miradas à narrativa contemporânea latino-americana, Costa Rica, 2014. Jornadas Andinas de Literatura Latinoamericana (Jalla), pp. 37-45. Em http://www.jallacostarica2014.una.ac.cr/index.php/repository/func-startdown/22/ (data da consulta: setembro de 2015).

Edmundo Paz Soldán, Gustavo Faverón Patriau [eds.], Bolaño Salvaje, Barcelona, Candaya, 2008.

Horacio Castellanos Moya, Asco. Thomas Bernhard em San Salvador, trad. de Antônio Xerxenesky, Rio de Janeiro, Rocco, 2013, p. 103.

Josefina Ludmer, Aqui América Latina. Uma especulação, trad. de Rômulo Monte Alto, Belo Horizonte, Editora da ufmg, 2013, p. 156.

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