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1977
Original
Open Access
Disponible online el 24 de Marzo de 2017
Doce Vida – programa de exercício físico supervisionado para diabéticos
Dulce Vida – Programa de ejercicio supervisado para diabéticos
Sweet Life–Program of supervised physical exercise for diabetics
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1977
J.N.S. Ribeiroa,b,
Autor para correspondencia
, A.M.B. Limaa,b, J.A.L. Françaa,b, V.N.S. Silvaa,b, C.B.S. Cavalcantia,b, D.M.M. Vanceaa,b
a Doce Vida – Programa de Exercício Físico Supervisionado para Diabéticos, Escola Superior de Educação Física, Universidade de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil
b Grupo de Pesquisa Exercício Físico e Doenças Crônicas Não Transmissíveis, Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Recife, Pernambuco, Brasil
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Recibido 22 abril 2016. Aceptado 22 noviembre 2016
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Resumo
Objetivo

Apresentar o Doce Vida – programa de exercício físico supervisionado para diabéticos como estratégia para promoção e supervisão do exercício físico para pacientes diabéticos.

Métodos

O Doce Vida caracteriza‐se como um programa de pesquisa e extensão universitária da Universidade de Pernambuco. Acontece três vezes por semana. Antes e após todas as sessões de exercício físico são avaliadas as variáveis glicêmicas e hemodinâmicas dos diabéticos. São realizadas avaliações físicas, palestras educativas e atividades de pesquisa.

Resultados

O Doce Vida já atendeu diversos diabéticos nesses cinco anos, construiu um amplo banco de dados e, até ao início do mês de junho de 2015, mais de 72350 dados já foram tabulados. Ao analisar a média da glicemia capilar dos participantes do Doce Vida durante esses cinco anos, podemos apresentar uma redução estatisticamente significativa de 49mg/dL (181.0±61.3 vs. 132.0±61.0, p=0.001).

Conclusão

Programas deste cunho são eficazes no controle da diabetes, porém ainda são pouco divulgados. Assim sendo, é de suma importância a divulgação de propostas semelhante ao Doce Vida, que atua como estratégia efetiva de promoção e supervisão do exercício físico para diabéticos.

Palavras‐chave:
Diabetes mellitus
Glicemia
Exercício
Resumen
Objetivo

Presentar Dulce Vida — Programa de ejercicio físico supervisado para diabéticos como una estrategia para la promoción y la supervisión del ejercicio físico para los pacientes diabéticos.

Métodos

El programa Dulce Vida es un programa de investigación y extensión universitaria de la Universidad de Pernambuco. Las sesiones de ejercicio se celebran tres veces por semana. Antes y después de cada sesión de ejercicio se evalúa la glucemia y las variables hemodinámicas de los diabéticos. Se realizan evaluaciones físicas, charlas educativas y encuestas.

Resultados

En el programa Dulce Vida han participado muchos diabéticos en estos cinco años, se elaboró una base de datos completa en la que se han incluido, hasta principios de junio de 2015, los datos de más de 72350 participantes. Mediante el análisis de la glucemia media de los participantes en el programa Dulce Vida durante esos cinco años, podemos presentar una reducción estadísticamente significativa de 49mg/dl (181.0±61.3 vs. 132.0±61.0, p=0.001).

Conclusiones

Los programas de esta naturaleza son eficaces en el control de la diabetes, pero aún son poco divulgados. Por lo tanto, es de suma importancia la divulgación de propuestas similares al programa Dulce Vida, que actúa como una estrategia eficaz para la promoción y supervisión de ejercicio para los diabéticos.

Palabras clave:
Diabetes mellitus
Glucemia
Ejercicio
Abstract
Objectives

to present Sweet Life–Supervised Exercise Program for Diabetics as a strategy for promoting and supervising the exercise for diabetic patients.

Methods

Sweet Life is characterized as a Research Program and University Extension of the University of Pernambuco. Exercise sessions are held three times a week. Before and after each exercise session, blood glucose and hemodynamic variables of diabetics are evaluated. Physical evaluations, educational talks and surveys are carried out.

Results

In the Sweet Life program, many diabetics have participated in these five years, a complete database has been developed which, until the beginning of June 2015, has included data from more than 72 350 participants. By analyzing the mean blood glucose of the participants in the Sweet Life program during those five years, we can present a statistically significant reduction of 49mg/dl (181.0±61.3 vs. 132.0±61.0, p=0.001).

Conclusions

Programs of this nature are effective in controlling diabetes, but are still poorly publicized. Therefore, the dissemination of proposals similar to the Sweet Life program, which acts as an effective strategy for the promotion and supervision of exercise for diabetics, is extremely important.

Keywords:
Diabetes Mellitus
Blood Glucose
Exercise
Texto completo
Introdução

A diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada principalmente por níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) e por complicações microvasculares e cardiovasculares que aumentam substancialmente a morbimortalidade associadas com a doença, reduzindo assim a qualidade de vida do diabético1. A DM possui quatro tipos de categorias clínicas: diabetes mellitus tipo 1 (DM1), diabetes mellitus tipo 2 (DM2), diabetes mellitus gestacional (DMG) e outros tipos decorrentes de causas específicas2.

O número de indivíduos diabéticos está aumentando devido ao crescimento e envelhecimento populacional, à maior urbanização, à crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como à maior sobrevida de pacientes com DM2. A relação de maior sobrevida desses pacientes podem estar relacionadas a ações de programas de intervenções ao diabético, baseadas em estudos de grande porte, tais como o Diabetes Control and Complications Trial (DCCT), o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS), onde reduções de um ponto no valor de hemoglobina glicada (A1c) e de pressão arterial (PA) para valores próximos a 144/82mmHg reduzem 25% o risco de mortalidade desses indivíduos1,3.

Programas de exercício físico são eficazes no controle glicêmico de diabéticos, melhorando a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina, diminuindo a glicemia desses indivíduos. A obtenção desse controle glicêmico pode ser efetiva com a utilização de vários protocolos de exercício físico4–6.

É consenso afirmar que programas de intervenções para diabéticos são eficientes e eficazes em relação ao controle glicêmico, hemodinâmico e antropométrico, porém, poucos são os programas de exercício físico supervisionados para diabéticos existentes no Brasil.

Frente a esses dados, este estudo tem por objetivo apresentar o Doce Vida – programa de exercício físico supervisionado para diabéticos (Doce Vida) da Escola Superior de Educação Física (ESEF) da Universidade de Pernambuco (UPE) como estratégia para promoção e supervisão do exercício físico para pacientes diabéticos.

Método

O Doce Vida caracteriza‐se como um programa de pesquisa e extensão universitária da ESEF/UPE. Foi criado oficialmente no dia oito de março de 2010, na cidade do Recife‐Pernambuco (PE), sob coordenação da Profª. Drª. Denise Maria Martins Vancea, apresentando como ponto inicial para criação deste programa a experiência vivida pela coordenadora no tempo de sua formação acadêmica na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Após aplicação do projeto piloto, durante o período de novembro de 2009 a fevereiro de 2010, nos polos da Academia da Cidade/Recife‐PE, a ideia e experiência vivida neste trimestre foi transferida para o campus de saúde da UPE, nas dependências da ESEF.

Os participantes foram diabéticos de ambos os gêneros, residentes na região metropolitana do Recife e/ou suas proximidades, independentes do tipo de diabetes e idade.

O Doce Vida funciona todas as segundas, quartas e sextas‐feiras, das 07h às 10h, no Ginásio de Esportes Roberto Magalhães e no Laboratório de Biodinâmica/ESEF/UPE. Possuindo como critérios de inclusão/participação: possuir diagnóstico de DM, residir na região metropolitana do Recife‐PE e apresentar um parecer médico de liberação para realização de exercício físico.

A sistemática do Doce Vida é caracterizada por uma avaliação inicial em todas sessões de exercício físico, pelas intervenções de exercício físico propriamente dita, avaliação física trimestral, palestras educativas aos diabéticos e atividade de pesquisa.

Avaliação pré‐participação

Os diabéticos são submetidos a uma avaliação pré‐participação, onde a mesma é constituída por informações dos parâmetros hemodinâmicos (frequência cardíaca [FC] e PA), metabólico (glicemia capilar [GC]), recordatório medicamentoso e alimentar, e o surgimento de intercorrências.

Para a medição da PA são utilizados estetoscópios da marca RAPPAPORT premium® de canal duplo e esfigmomanômetros, também da marca RAPPAPORT premium®, de modelo aneroide. Antes da medida, o diabético mantém‐se em repouso de cinco minutos, em ambiente calmo, em posição sentada com as pernas descruzadas, certificando que os mesmos não terem ingerido bebidas alcoólicas e com cafeína, seguindo exatamente todas as recomendações da VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão7.

A medição da FC é realizada posicionando os dedos, indicador e médio, na região distal do rádio no punho esquerdo, sendo os batimentos cardíacos sentidos pela palpação, contando pelo avaliador em dez segundos e multiplicados por seis8.

A medida da GC é realizada na ponta dos dedos anular ou mínimo descartando a primeira gota9, sendo utilizados glicosímetros da marca Bayer®, modelo Contour TS®, juntamente com fitas reagentes e lancetas da marca Bayer®. O material utilizado para coleta será depositado em uma caixa específica de material hospitalar.

A manutenção do estado nutricional para controle da ingestão alimentar é realizada pelo profissional da nutrição integrante da equipe do Doce Vida, que realiza orientações individualmente aos participantes do programa.

A avaliação e supervisão das sessões são realizadas pelo mesmo avaliador/a (professores e/ou acadêmicos do curso de educação física da ESEF/UPE), o qual é devidamente treinado para realização das medidas hemodinâmicas e/ou metabólica.

Intervenção

As sessões de exercício físico são divididas em: aquecimento, parte principal (treinamento resistido, aeróbio, combinado e relaxamento [RLX]) e resfriamento. Todos os protocolos de treinamento são realizados no Laboratório de Biodinâmica da ESEF/UPE.

Aquecimento/resfriamento

Nesta fase são abordados exercícios de mobilidade articular e exercícios de alongamento dos músculos peitorais, grande dorsal, deltoides, tríceps braquial, bíceps braquial, quadríceps femoral, isquiotibiais, e gastrocnêmios, com duração de 15 segundos para cada movimento. A fase de aquecimento tem duração de 15 minutos e a de resfriamento dez minutos.

Parte principal

Esta fase é dividida em quatro protocolos: treinamento resistido, aeróbio, combinado e RLX6,10.

Treinamento aeróbio (TA): o TA é realizado em esteiras rolantes e bicicletas ergométricas, tendo como duração total 40min, sendo 20min para iniciantes, progredindo gradativamente para os 40min totais. Os diabéticos selecionados foram submetidos antes da iniciação do programa de treinamento a um teste de esforço máximo realizado no setor de ergometria do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE), utilizando o protocolo de Bruce na esteira, onde os valores obtidos serviram para a avaliação funcional, cardiovascular e determinação da intensidade do TA. A determinação e prescrição da zona alvo de treinamento adotada ao TA é de 50‐75% da frequência cardíaca de reserva (FCR) (FCR=[FCmáxima‐FCrepouso]xintensidade+FCrepouso)11. A monitorização da FCR é realizada com medida da FC pela palpação da artéria radial, no braço direito do diabético, no 20.° minuto do TA8.

Treinamento resistido (TR): o TR tem duração total de 40min, sendo realizados oito exercícios do TR (voador – peitorais; remada sentada – grande dorsal; elevação frontal alternada com halteres – deltoide; tríceps testa – tríceps braquial; rosca alternada com halteres – bíceps braquial; cadeira extensora quadríceps femoral, cadeira flexora – isquiotibiais; panturrilha bilateral – gastrocnêmios).

Foram utilizados, para execução dos exercícios, pesos livres (halteres e anilhas) e máquinas da marca New Fit Equipment®. O presente estudo utilizou, para determinação da intensidade do TR, o sistema de «séries até a falha», que consiste em realizar as repetições até à exaustão, ou seja, realizar uma série até que o diabético fosse incapaz de realizar uma repetição com a técnica «correta» do exercício12.

Treinamento combinado (TC): o TC é caracterizado pela junção do TA mais TR. A ordem de execução dos protocolos seguindo o TA primeiramente e o TR posteriormente. A duração total do TC são de 40min, sendo realizados 20min de realização do TA mais 20min de realização do TR. Para que todos os grupamentos musculares que foram selecionados sejam abordados, são executados quatro exercícios resistidos, denominados de «treino A» (voador, rosca na polia, cadeira extensora, remada alta com halter), mais quatro exercícios resistidos, denominados de «treino B» (remada baixa triângulo, flexora com caneleira, tríceps na polia, panturrilha bilateral), sendo alternados os dias do «treino A e B». A determinação e monitorização da intensidade do TA e TR no TC são idênticas aos protocolos anteriores.

RLX: a intervenção deste protocolo ocorre com os diabéticos que apresentam agudamente, no momento da avaliação pré‐exercício, valores descompensados da variável hemodinâmica de pressão arterial sistólica (PAS) (160mm/Hg), e/ou pressão arterial diastólica (PAD) (100mm/Hg), e/ou da variável metabólica de GC (>250mg/dL ou<110 e80mg/dL), e/ou a presença de alguma intercorrência (cefaleia, tontura, problemas osteomioarticulares e outras comorbidades). A caracterização do RLX se dá com a utilização de exercícios de RLX de baixa intensidade, os quais são sempre intercalados com a realização da respiração diafragmática, mantendo a dinâmica da inspiração nasal e expiração oral. O RLX tem duração de 40min e o mesmo é acompanhado por um profissional de educação física e fisioterapia.

Avaliação pós‐participação

Ao término de cada intervenção será realizada novamente às avaliações hemodinâmicas (PA e FC) e metabólica (GC), onde são coletadas seguindo os mesmos parâmetros adotados na avaliação pré‐exercício.

Avaliação física

A cada três meses são realizadas avaliações físicas, cujo objetivos estão voltados à saúde do diabético. Na mesma, são avaliadas as variáveis metabólicas de glicemia de jejum (GJ) e glicemia pós‐prandial (GPP), as variáveis antropométricas de peso, estatura, perímetros corporais e dobras cutâneas, as variáveis funcionais de sentar e alcançar, banco de Wells, alcançar as costas, sentar e levantar e flexão de antebraço.

Em jejum, os diabéticos são alocados por ordem de chegada na ESEF/UPE, onde passaram pela medida da GJ, estando o diabético em jejum de 8‐12h, e sendo esta medida realizada com utilizando glicosímetros da marca Bayer®, modelo Contour TS®, seguindo os procedimentos descritos por estudos anteriores9. Após a medida da GJ, o diabético recebe um «café da manhã», padronizado com um aporte calórico de 300Kcal9,13, após um intervalo de uma hora, sendo este intervalo contado imediatamente após a realização completa da ingesta calórica.

Após a realização da PA e GJ, o diabético é encaminhado a avaliação antropométrica onde é iniciada pela medida da massa corporal, onde a mesma é determinada utilizando‐se uma balança da marca FILIZOLA®, modelo eletrônico. A medida da estatura é dada em um estadiômetro de madeira, onde o diabético encontra‐se em posição ortostática, e é pedido para o mesmo realizar uma inspiração profunda.

As medidas de circunferenciais são realizadas por um único avaliador, utilizando fita métrica da marca Sanny® em material inelástico. Utilizando as medidas da circunferência de cintura, glúteo (quadril), antebraço e coxa14.

As dobras cutâneas são medidas baseadas em um protocolo de três dobras, sendo as medidas realizadas por um único avaliador, utilizando adipômetro da marca Lange®, com intervalo mínimo de medida de um milímetro. São utilizados para determinação do percentual de gordura para o gênero feminino os valores das dobras cutâneas supra ilíaca, tricipital e de coxa; e para o gênero masculino os valores das dobras cutâneas do tórax, abdominal e de coxa14.

A determinação do percentual de gordura é realizada após a obtenção dos valores expressos nas medidas das dobras cutâneas, sendo esses valores aplicados nas equações generalizadas anteriormente validadas15,16.

A avaliação funcional inicia com a realização do teste do sit and reach (banco de Wells), para aqueles diabéticos com idade menor a 60 anos, cujo objetivo do teste é medir a capacidade de flexibilidade da porção posterior das coxas17.

Para aqueles diabéticos com idade igual ou superior a 60 anos, é aplicado o teste de sentar e alcançar, que consiste em uma avaliação da flexibilidade de hemicorpo inferior18. Após a realização de um dos testes de flexibilidade de hemicorpo inferior, o diabético é submetido ao teste de alcançar as costas, que tem como objetivo a avaliação da flexibilidade de hemicorpo superior18.

Realizadas as medidas de flexibilidade, o diabético é submetido ao teste de levantar e sentar, o qual tem o objetivo de avaliar resistência muscular membros inferiores18. Ao término do teste de levantar e sentar, o diabético realizará o teste de flexão de antebraço. O mesmo tem como objetivo avaliar a resistência muscular de membros superiores18.

Doce Vida como extensão universitária

O Doce Vida faz parte do programa de extensão universitária da UPE. Possui característica filantrópica e atende diabéticos da região metropolitana do Recife, os quais encontram‐se cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS) e/ou em redes privadas de atendimento à saúde.

O Doce Vida como extensão universitária realiza atividades como: palestras ministradas por profissionais de medicina, nutrição, educação física, fisioterapia e psicologia; são realizados eventos e campanhas em datas comemorativas, abordando temas que reflitam a melhoria na qualidade de vida do diabético; e, bimestralmente, são recebidas visitas clínicas realizadas por profissionais da área da saúde, onde são monitorados os estados dos pés dos diabéticos, a relação entre a dosagem da medicação, controle alimentar, avaliações posturais e atividades lúdicas.

O intuito dessas atividades extensivas são a promoção de uma reeducação aos diabéticos quanto aspectos terapêuticos relacionados à DM, podendo assim promover uma melhoria na qualidade de vida do mesmo.

Doce Vida e a pesquisa científica

Por meio dos resultados obtidos com as publicações científicas extraídas do Doce Vida, foi criado o Grupo de Pesquisa Exercício Físico e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (GPEFDCNT), o qual é aprovado e certificado pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo grupo é formado por uma equipe de 35 integrantes, dentre eles graduandos de cursos superiores da área da saúde, mestrandos e doutorandos dos programas de pós‐graduação strictu sensu da área da saúde, profissionais de educação física, nutricionistas, fisioterapeutas, bioquímicos, cardiologistas e endocrinologistas. São cinco linhas de pesquisas contempladas pelo Grupo de Pesquisa Exercício Físico e Doenças Crônicas Não Transmissíveis, contempla e norteia‐se ao estudo de cinco linhas de pesquisas mais seus subtemas. As linhas de pesquisas abordadas são: avaliação física e grupos especiais; exercício físico e doenças metabólicas; exercício físico e doenças osteomioarticulares; exercício físico e doenças respiratórias; e exercício físico e transtornos mentais.

O Doce Vida como âmbito de pesquisa é devidamente cadastrado no Comitê de Ética em Pesquisa da UPE, a partir da aprovação do projeto “Efeito do Treinamento Aeróbio, Treinamento Resistido e Treinamento Combinado no Controle Glicêmico e Composição Corporal de Diabéticos Tipo 2”, obtendo o número de registro 007/09; todos os sujeitos diabéticos participantes são esclarecidos previamente de todos procedimentos realizados e concordando, assim, ao assinar o termo de consentimento livre esclarecido. O Doce Vida apoiou e apoia o desenvolvimento de estudos e pesquisas, dando base a trabalhos de conclusão de curso (TCC), projetos de pesquisa para eventos científicos (congressos, simpósios, encontros), pesquisas de iniciação científica (IC), especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Resultados

O Doce Vida já atendeu diversos diabéticos nesses cinco anos, construiu um amplo banco de dados e, até o início do mês de junho de 2015, mais de 72350 dados já foram tabulados.

Um dos resultados expressivos do Doce Vida foi a avaliação do efeito da intervenção na média glicêmica pré e pós‐exercício físico durante os quatro anos (fig. 1), onde apresentou um controle de 72.9% (181.0±61.3 vs. 132.0±61.0, p=0.001) da média glicêmica no momento pós‐exercício físico; este dado foi analisado pelo teste de normalidade de Kolmogorov‐Smirnov e o teste t pareado, sendo adotado um nível de significância de p0.05.

Figura 1.

Média glicêmica pré e pós‐exercício físico durante a intervenção do Doce Vida.

(0,07MB).

A GPP mostrou um comportamento estatisticamente significativo, apresentando diminuição de 194.5±71mg/dL para 187.2±48.2mg/dL (p=0.03). O índice de massa corporal (IMC) apresentou nos grupos de intervenção do TA, TR e TC uma diminuição significativa, quando comparado o estado pré‐intervenção com o estado pós‐intervenção do Doce Vida (fig. 2).

Figura 2.

Índice de massa corporal dos participantes durante a intervenção do Doce Vida.

IMC: índice de massa corporal; TA: treinamento aeróbio; TC: treinamento combinado; TR: treinamento resistido; *: nível de significância estatística.

(0,06MB).

O Doce Vida encontra‐se diretamente relacionado com a pesquisa científica: dele já foram realizados 38 projetos de pesquisa; já foram apresentados 33 trabalhos em eventos de cunho científico (16 deles apresentados no XIX Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes, em 2013); seis artigos já foram publicados em revistas científicas nacionais; sete artigos estão em apreciação em periódicos científicos; já foram realizados 22 TCC de graduação, 11 monografias de especialização, quatro dissertações de mestrado e uma tese de doutorado.

Discussão

Este manuscrito norteia‐se com o objetivo de apresentar o Doce Vida como estratégia efetiva para promoção e supervisão do exercício físico para pacientes diabéticos. A experiência adquirida ao longo destes cinco anos de Doce Vida tem apresentado a importância da intervenção multiprofissional baseada na evidência, voltada ao tratamento supervisionado ao paciente diabético.

A metodologia de intervenção do Doce Vida é efetiva e fundamentada em evidências4,5,10. Tais estratégias de treinamento contemplam os princípios que regem a intervenção e supervisão do exercício físico para sujeitos diabéticos19–21.

A ocorrência da resposta glicêmica encontrada durante os cinco anos do Doce Vida foi semelhante a estudos científicos anteriormente realizados5,22. Tal resposta pode ser justificada pela efetividade do exercício físico à promoção do aumento da capacidade de transporte de glicose ao interior do músculo e a sensibilidade da célula à ação da insulina, a qual aumenta de forma semelhante ao aporte sanguíneo, permitindo a regulação, disponibilização e utilização deste substrato (glicose) para a musculatura, por meio da translocação de compartimentos intracelulares dos GLUT para a membrana plasmática23.

Durante intervenção do Doce Vida, é possível notar uma melhoria na interação social dos participantes e na aceitação da doença pelos diabéticos. A interação social possui grandes benefícios na qualidade de vida desses diabéticos e aumenta as chances de melhor aceitação da doença, devido a intervenção educacional oferecida e ao compartilhamento de experiências semelhantes associadas a diabetes24.

O processo de controle da diabetes por meio de propostas que visem a prática baseada em evidências está fortemente ligado ao conhecimento teórico, metodológico e científico dos profissionais atuantes nestas propostas, pois tal crescimento científico mostra‐se relevante no tratamento de pacientes diabéticos em vários níveis de intervenção25.

Programas deste cunho são eficazes no controle da diabetes, na promoção de saúde e na educação do diabético relacionado a doença, porém ainda são pouco divulgados. Assim, sendo de suma importância a disseminação e a divulgação de propostas semelhantes da daqui apresentada, onde evidenciam‐se resultados positivos ao diabético participante. Com isso, podemos concluir que o Doce Vida atua como estratégia efetiva de promoção e supervisão do exercício físico para diabéticos, sendo o mesmo resultante de benefícios fisiológicos e psicossociais.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Agradecimentos

Agradecemos aos participantes do estudo; a toda a equipe Doce Vida – programa de exercício físico supervisionado para diabéticos; à Universidade de Pernambuco e Escola Superior de Educação Física.

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